O mundo que conhecemos nunca mais será o mesmo após a pandemia da Covid-19, que já atingiu mais de 180 países. Com a falta de uma vacina para a doença, até o momento, a exigência de mudanças em nossas rotinas seguirá mesmo em territórios que já afrouxaram as medidas de isolamento. Uma das transformações rapidamente sentidas em todo o mundo foi a mudança na forma de consumir. Aqui no Brasil, por exemplo, a alimentação, beleza e entretenimento foram os setores mais impulsionados desde o início da quarentena, em meados de março. É o que aponta uma pesquisa da Decode, empresa de análise de dados do BTG Pactual.
Utilizando métricas digitais, como as buscas no Google, tráfego em sites e downloads de aplicativos, o estudo analisou as mudanças no comportamento dos consumidores e identificou os principais impactos gerados pela Covid-19 na economia brasileira. A partir dessas informações, a Decode listou não somente áreas em que as vendas aumentaram, mas tendências de mercado para o período pós-isolamento social, como o aumento do consumo em entretenimento, saúde, alimentação, itens para home office, cuidados com a casa, educação e beleza.
A começar pelo entretenimento, um dos maiores aliados para ocupar os espaços deixados pelo isolamento social. As buscas em streaming de filmes e séries subiu 76%, considerando usuários da Netflix, Amazon Prime Video e Globoplay. Também de acordo com o estudo, o brasileiro também está lendo mais: as buscas no Google por "melhores livros" aumentaram em 27% no período analisado. Já a música não fica para trás, já que o tráfego no Youtube aumentou em 9% e as lives musicais alcançaram mais de 200 milhões de visualizações. No universo dos games, a busca por consoles de video-game cresceu em 60%. A busca por cursos online cresceu em 63%, mesmo percentual da busca por "curso inglês online". Crescimento também no volume de acessos nas plataformas e-learning Udemy, eDX e Coursera: +31%.
Em relação à alimentação, o delivery se destaca: 9 milhões de downloads de aplicativos somente em março. No entanto, o isolamento social fez com que as pessoas passassem a cozinhar mais em casa, também. Além de registro de aumento em busca de eletrodomésticos como lava-louças, cooktops e batedeiras, consumidores também passaram a acessar ainda mais sites de receitas. O consumo de bebida álcoolica também se destacou: 15% a mais no tráfego de e-commerces de vinho e aumento de 40% no termo "abridor de vinho".
Com o isolamento social e a adoção do home office para muitos profissionais, a busca por itens para manter a rotina de trabalho em casa cresceu substancialmente. Houve aumento de 280% na busca por "cadeira para home office", por exemplo. Também há registro de pico de acesso e downloads de plataformas de web meeting como Teams, Webex e Zoom. Ainda pensando no maior tempo passado em casa, as buscas mostram que o consumidor procurou por itens com o foco em transformações na residência. Os sites de marcas de tinta receberam nada menos do que 1.4 milhão de acessos no primeiro mês de quarentena, um aumento de 6% em relação ao período anterior. Também aumentou em 56% a busca pelo termo "como pintar uma parede"?
Em relação à saúde e bem-estar, a pesquisa aponta crescimento no tráfego de sites de medicamentos. Muito além de itens como álcool gel e remédios voltados para a proteção do coronavírus, incluindo gripes e resfriados, houve aumento de buscas no segmento de remédios para dormir e medicamentos de controle de diabetes. Com o fechamento das academias e parques públicos, também houve um incrível aumento de 291% nas buscas por aplicativos que incentivam a prática de atividade física. Com o fechamento de salões de beleza, o autocuidado está em alta: aumento de 1.150% na busca por "como fazer sobrancelha em casa", +300% para "escova rotativa", +160% para "comprar tinta de cabelo" e +65% para "máquina de cortar cabelo". Alta também em cosméticos para cuidados com a pele (+66%).